Vou deixar hoje aqui postado como foi minha primeira participação no Campeonato Brasileiro de Jiu-jitsu.
Meu dia se iniciou às 4h da manhã, após ter dormido apenas 2h e meia (claro, devido ao nervosismo). Fui para JF pegar o ônibus de 5:45h com destino ao Rio de Janeiro.
Muitos me perguntaram por que eu não havia aceitado a carona na van dos nossos eternos adversários da BTT/JF (vejam bem, adversários, não inimigos) oferecida pelo meu parceirasso Nogueira. Não foi pelo motivo de eles serem adversários (inclusive havia um atleta deles que eu poderia enfrentar em busca do ouro), foi porque eu senti que precisava realmente ir a esse campeonato sozinho. Pensar no "meu jiu-jitsu", nos meus objetivos com a arte e se realmente era isso que eu queria para mim.
Continuando...
Cheguei ao Rio 8:45h, sozinho e me "borrando" de medo peguei um táxi rumo ao maior templo que o jiu-jitsu já teve: Tijuca Tênis Clube, onde feras consagradas do jiu-jitsu mundial lutaram durante muito tempo como, Royler Gracie, Amaury Bitteti, Wallid Ismail, Zé Mário Sperry, Murilo Bustamante, Ryan Gracie, Fábio Gurgel, Roger Gracie, Ronaldo Jacaré, Saulo e Xande Riberio, iihh.... a lista é incontável.
Às 9 da manhã já estava no ginásio e quando botei o pé lá dentro senti realmente uma energia diferente, senti que aquele poderia ser o meu dia.
Foram 3 horas e meia pensando...
Esperei até 12:30 para ir pro aquecimento. Até aí já havia visto o Nogueira fazer, brava e brilhantemente, diga-se de passagem, suas duas lutas e finalizado ambas com seu famoso katagatami. Isso ainda me motivou muito mais, principalmente quando vi em seus olhos a emoção de ter se sagrado campeão brasileiro, com certeza dedicando a vitória para sua mãe (recentemente falecida) e também a seu professor e companheiros de treino.
Enfim, entrei para a luta. Meu adversário era simplesmente da equipe tri-campeã mundial por equipes, Alliance, mas isso não me abalou. Puxei pra guarda e raspei: 2x0.Tentei passar a guarda, ele quase pegou meu braço, mas defendi bem e levei ele pra fora da área de combate. Voltamos em pé. Ele tentou me botar pra baixo e no mesmo instante raspei novamente. Não sei se ele levou os pontos da queda, mas pude ver que meu placar tinha 4 pontos, ainda estava na frente. Faltava pouco, porém não sei como, ele caiu na minha meia-guarda. A adrenalina já tinha sugado todo o meu gás e pra não deixar ele passar, pensei: "abro a guarda, tento sair girando pra ficar em 4 apoios, amarro um pouquinho e pronto. Mas o camarada foi malandro, esperou eu tentar sair e pegou minhas costas com o estrangulamento encaixado. Passou um filme na minha cabeça: todo o esforço, a viagem, minha família, meus companheiros de treino... Apesar de todos os gritos do meu único córner, Nogueira, aquele sabe? Da academia "inimiga"? Pois é... TETO PRETO... e o juiz me salva....
Querem saber como me senti? Derrotado, lógico!!! Por mim mesmo, por meus péssimos treinamentos, por minha cabeça e por meu adversário, lógico.
E agora? Quem vai me dizer onde eu errei? Sinceramente, não sei. Estava sozinho, sem ninguém mais experiente pra me orientar. Ah, o que que tem né? Já estou assim a tanto tempo mesmo, né?
Corri pro vestiário e passei os próximos 20 minutos vomitanto, um misto de acidose muscular e estresse emocional.
Sei que não me faltam qualidades técnicas, mas me faltam orientações técnicas do tipo "você precisa melhorar sua defesa", "você se preocupa muito em pontuar, mas não ataca com eficiência", "vamos fazer um treinamento específico pra você melhorar nas suas deficiências".
Eu não busco faixa, busco ser completo. Não busco ser o melhor, mas estar entre os melhores.
Preciso de treinamento para campeonato ou então parar de competir e simplesmente ser o "cabeça" da Equipe Rotatori Jiu-jitsu, dedicar ao que ninguém pode questionar, que é minha capacidade para ensinar e "puxar" os treinos físicos intensos da equipe. Passar a ser o professor e não o competidor.
Voltei pra casa triste, porém com várias lições para aprender.
Passei mensagens para algumas pessoas dizendo: "PAREI. NÃO LUTO MAIS!", porém com o apoio da minha família, dos meus parceiros de treino, do próprio Nogueira (BTT, sabe?), e de um camarada que tem sido de suma importância no meu lado motivacional, resolvi voltar atrás na minha decisão e retornar ao Rio o mais breve possível pra mais uma GUERRA. VALEU MEU PARCEIRO DE EQUIPE E IRMÃO SAMURAI, O MAIOR GUERREIRO DENTRO DA EQUIPE PASSARINHO. Você é um exemplo de determinação e vontade. Espero poder participar com você de muitos outros campeonatos.
Agora, vou fazer o que todos os meus verdadeiros amigos dentro do jiu-jitsu estão me dizendo: "PROCURE O QUE FOR MELHOR PRA VOCÊ".
Acho que todos deviam fazer o mesmo....
TREINEM FORTE, DE VERDADE.
OSS.
OBRIGADO A TODOS QUE AINDA ASSIM ACREDITAM EM MIM.
EDUARDO ROTATORI